quarta-feira, 15 de julho de 2015

O OBJETIVO DA EVOLUÇÃO

 

Sinto-me muito acanhada ao usar um título como o Objetivo da Evolução; reconheço que somente posso tentar colocar diante de vocês algumas suposições extraídas da minha imaginação. Naturalmente, não é possível para a mente finita avaliar com precisão o plano da Divindade. Tudo que podemos fazer é estudar a história do passado, investigar as condições atuais e afirmar de algum modo as tendências raciais e naturais e acompanhar, assim, tão logicamente quanto possível, os vários degraus e etapas. Tudo que nos é facultado é partir da base sólida do conhecimento e dos fatos adquiridos, depois reuni-los e, a partir desta reunião, formar uma hipótese do que possa ser o objetivo provável. É impossível ir além.
 
 
 
Em nossas palestras sobre a evolução, como mencionei na primeira conferência, estivemos de algum modo lidando com suposições e nos preocupando com possibilidades. Algumas coisas de fato conhecemos e certas verdades foram afirmadas; contudo, até as conclusões da ciência, por exemplo, das quais tanto se falou quarenta anos atrás, não são mais consideradas como fatos, nem mais usadas ou promulgadas tão drástica e enfaticamente como eram. A própria ciência a cada ano descobre que seu conhecimento é muito relativo. Quanto mais alguém compreende e sabe, maior é o horizonte que se abre diante dele. Agora os cientistas esião se aveniurando nos planos mais sutis da matéria, e, portanto, nos reinos do que não foi comprovado, e deveríamos lembrar que até recentemente a ciência recusava admitir sua existência. Estamos ultrapassando a esfera do que chamamos de "matéria sólida" e entrando em reinos que são inferidos, quando nos referimos a "centros de energia", "força negativa e positiva" e fenómenos elétricos e tem-se dado mais ênfase à qualidade do que à substância. Quanto mais para a frente olhamos, mais amplas se tornam nossas especulações, e quanto mais tentarmos justificar fenómenos telepáticos, psíquicos e outros, mais penetraremos no reino subjetivo e subconsciente e mais seremos forçados a nos expressar em termos de qualidade ou de energia. Se, de algum modo conseguimos justificar o que não é usual e o que ainda é inexplicável para nós e determinar a realidade do oculto, provocaremos uma condição que poderia ser chamada de paradoxal. Gradualmente faremos o subjetivo tornar-se objetivo.
 
 
O assunto que vou estudar agora é algo que nos afeta muito de perto: a saber, a conquista, pelo Homem, da consciência grupal que é o seu objetivo, e as expansões de sua pequena consciência até estar à altura da consciência maior que a engloba. Vocês se lembrarão que, ao tentar explicar a diferença entre a auto-consciência, a consciência grupal e a consciência de Deus, eu a ilustrei mostrando que no pequeno átomo da substância no corpo físico, aquela minúscula vida centralizada que vai até a constituição da forma humana, tínhamos uma correspondência com a auto-consciência do ser humano; que a vida do corpo físico, considerando-a em cada um de seus departamentos como um todo, é para a pequena célula auto-suficiente o que a consciência grupal é para nós; e que a consciência do homem real, a entidade informativa dentro do corpo, é para aquele átomo o que a consciência de Deus é para nós, tão inexplicável e remota. Se pudermos ampliar este conceito do átomo em nosso corpo e sua relação com o homem, o pensador, até o átomo humano, considerando-o como uma unidade dentro de um corpo ainda maior, poderemos chegar a compreender a diferença radical entre estes três raios de consequência.
 
 
Há uma analogia muito interessante entre a evolução do átomo e a do homem (e presumo, portanto, a da Divindade planetária e a do Logos Solar) nos dois métodos de desenvolvimento que se seguem. Vimos que o átomo tem sua própria vida, atómica, e que cada átomo de substância no sistema solar é também um pequeno sistema em si, tendo um centro positivo, ou sol central, com os elétrons, ou o aspecto negativo, girando em suas órbitas ao redor dele. Tal é a vida interna do átomo, seu aspecto auto-centralizado. Registramos, também, que o átomo está sendo estudado, agora, segundo uma linha mais nova, a da radioatividade e está-se tornando aparente, em muitos casos, que há uma radiação em atividade. Até onde esta descoberta nos levará é impossível prever, porque o estudo das substâncias radioativas ainda está na sua infância e realmente muito pouco se sabe. Muita coisa do anterior ensino da Física foi revolucionado pela descoberta do rádio e quanto mais os cientistas descobrem, mais claro se torna (como eles próprios reconhecem) que estamos no limiar de descobertas muito importantes e na véspera de revelações profundas.
 
 
A medida que o ser humano evolui e se desenvolve, estas duas etapas também podem ser vistas nele. Há a era primitiva, ou atómica, na qual todo o centro de interesse do homem está dentro dele mesmo, dentro de sua própria esfera, onde o egocentrismo é a lei de seu ser, uma etapa necessária e protetora da evolução. Ele é puramente egoísta e se preocupa, antes de tudo, com seus próprios problemas. A esta etapa se sucede uma outra, posterior, na qual sua consciência começa a se expandir, seus interesses começam a se deslocar para fora de sua própria esfera particular e chega a época em que ele se preocupa com o grupo a que pertence. Esta etapa pode ser considerada como correspondendo à da radioatividade. Agora ele não é só uma vida egoísta, mas também começa a exercer um efeito definido sobre seu meio. Ele afasta sua atenção de sua vida pessoal egoísta, procura seu centro maior. Deixa de ser simplesmente um átomo para se tornar, por sua vez, um elétron e sofrer a influência da grande Vida central que o prende dentro de sua esfera de influência.
 
 
Se for assim, teremos etapas análogas transpirando dentro da vida da Divindade planetária e talvez isto explicasse várias vicissitudes e acontecimentos do planeta. Frequentemente consideramos os problemas do mundo devidos à atividade humana. A guerra mundial, por exemplo, é frequentemente considerada o resultado dos erros e fraquezas humanas. Talvez seja assim, porque indubitavelmente as condições económicas e ambições humanas podem tê-la provocado; mas talvez também pode ter ocorrido devido à concretização do propósito da grande Vida central, Cuja consciência ainda não é a nossa, Que tem Seus próprios planos, propósitos e ideias e Que, talvez, também faça Suas experiências com a vida. Em Sua escala mais ampla e em Seu próprio nível mais alto, este Espírito planetário está aprendendo a viver, a entrar em contato e está, do mesmo modo, expandindo Sua consciência. Ele próprio está na escola, do mesmo modo que cada um de nós. O mesmo pode, pois acontecer com o sistema solar e, assim, com acontecimentos de tal ordem de grandeza que escapam totalmente à nossa percepção. Talvez haja ocorrências, no sistema solar, que sejam devidas à elaboração dos planos da Divindade ou Logos, aquela Vida Central Que é a origem da energia de tudo que existe dentro do sistema solar. Não sei, mas é uma linha de pensamento interessante para nós, e não faz mal especular, se o efeito nos der uma visão mais ampla, uma tolerância maior e um otimismo mais amplo e sensato.
 
 
Tendo visto que as duas etapas, da atividade atómica e da radioatividade, caracterizam a evolução e todos os átomos no sistema solar, vejamos agora quais são os diferentes desenvolvimentos que podem ser esperados à medida que a consciência dentro do átomo humano evolui. Gostaria de centralizar nossa atenção neste tipo humano de consciência, posto que ela é a evolução central no sistema solar. Quando os três aspectos da vida divina são reunidos — a vida habitante, ou espírito, a forma material, ou veículo substancial e o fator da atividade inteligente — acontecerão certos resultados específicos. Temos o gradual desenvolvimento de consciência de uma espécie particular; o desenvolvimento da qualidade psíquica; o efeito da vida subjetiva sobre a forma material, a utilização da forma para certos fins específicos, e a conquista de certas qualidades pela entidade que nela habita. A verdadeira natureza da vida central, seja ela Deus ou homem, se manifestará no ciclo vital, seja ele solar ou humano. Isto é verdadeiro para nós, é provavelmente verdadeiro para o Logos planetário e, se verdadeiro para ele, também, portanto, para o Logos Solar.
 
 
Tentemos, se pudermos, seguir alguns dos diferentes desenvolvimentos relacionados com nossos quatro tipos de átomos — o átomo da substância, o átomo humano, o átomo planetário e o átomo cósmico. Um dos primeiros e mais importantes desenvolvimentos será a resposta consciente a cada vibração e contato — isto é, a habilidade de responder ao não--ser, em cada plano. Deixe-me ilustrar. Eu poderia ir a certos salões desta cidade e reunir uma audiência composta de trabalhadores analfabetos e não especializados, poderia falar-lhes e repetir o que disse esta noite e não obter nenhuma reação. Contudo, eu poderia fazer uma palestra que pronunciei dez anos atrás, estritamente na linha do Evangelho, e obter uma reação imediata. Aqui a questão do certo ou errado não conta, mas simplesmente a diferença na capacidade de diferentes tipos de homens, em diferentes etapas de evolução, para reagir ao contato e vibração. Isto simplesmente significa que certas pessoas estão num estágio onde podem ser atingidas por um apelo emocional e podemos nos ocupar delas na linha de sua salvação pessoal, porque ainda estão na etapa atómica anterior. Há outro estágio que inclui aquele, mas que capacita as pessoas a responder também a um apelo mais intelectual, o qual lhes dá um certo interesse e satisfação no tipo de discussões que temos desenvolvido e que significa investigação dos assuntos que dizem respeito ao grupo, por exemplo. Mas ambos os estágios são igualmente corretos.
 
 
Podemos considerar este assunto por um outro ângulo: é bem possível que encontremos grandes pessoas, homens e mulheres maravilhosos, e que não fiquemos impressionados por eles; poderíamos passar por eles sem reconhecê-los e assim perder o que eles têm para nos dar. Isto aconteceu na Palestina em relação ao Cristo, dois mil anos atrás. Por que? Porque nós próprios ainda não somos grandes o bastante para reagir a eles. Algo ainda falta em nós, que nos impede de compreender ou sentir sua especial vibração. Ouvi dizerem, e acho que é verdade, que se Cristo voltasse à terra e caminhasse entre os homens como fez antes, poderia viver entre nós dia após dia e nada notaríamos de diferente, Nele, das outras pessoas boas e desprendidas que conhecemos. Ainda não cultivamos em nós a capacidade de responder ao divino em nosso irmão. Normalmente só vemos o que é mau e grosseiro e tomamos ciência, principalmente, das falhas de nosso irmão. Ainda somos insensíveis às melhores pessoas. Outro desenvolvimento será que, agora, poderemos funcionar conscientemente em todos os planos da existência. Agora funcionamos conscientemente no plano físico e há algumas pessoas que são capazes de funcionar com igual consciência no plano mais sutil seguinte, o chamado plano astral (palavra que me desgosta porque não transmite um significado real às nossas mentes), ou plano da natureza emocional, no qual um homem está ativo quando fora do corpo físico, nas horas de sono ou logo após a morte. Muito poucos seres humanos podem funcionar no plano mental com a consciência totalmente desperta e menos ainda funcionam no plano espritual. O objetivo da evolução é que deveríamos funcionar conscientemente, com plena continuidade de percepção nos planos físico, emocional e mental. Esta é a grande realização que um dia será nossa. Saberemos então o que fazemos cada hora do dia e não somente durante cerca de qua-torze horas em cada vinte e quatro. Atualmente não temos noção de onde fica a verdadeira entidade pensante durante as horas de sono. Não sabemos quais são suas atividades, nem a condição de seu meio ambiente. Algum dia utilizaremos cada minuto das horas do dia.
 
 
O outro objetivo da evolução é tríplice, isto é, que tenhamos vontade, amor e energia coordenados, o que por enquanto não acontece. Dispomos agora, continuamente, de muita energia inteligente, mas é verdadeiramente muito raro encontrar uma pessoa cuja vida seja animada por um objetivo central constantemente seguido e que seja animada e instigada pelo amor atuando através da atividade inteligente. Todavia, está chegando o tempo em que teremos expandido nossa consciência a tal ponto que seremos tão ativos interiormente que nos tornaremos radioativos. Veremos, então, um objetivo definido, que será a consequência do amor, e alcançaremos nosso objetivo pela inteligência. Isto é tudo o que Deus faz, não é? Em nossa etapa de desenvolvimento atual, certamente somos inteligentes, mas ainda há muito pouco amor. Podemos amar um pouco as pessoas que encontramos ou com quem mantemos contato, e alimentar um amor maior por nossa família e amigos próximos, mas não sabemos quase nada do amor grupal. Quando o amor grupal nos for proclamado pelos grandes idealistas da raça, será indubitavelmente verdade que teremos alcançado a etapa onde poderemos reagir a ele de algum modo e sentiremos que ele é algo que gostaríamos de ver realizado. É bom lembrar que quanto mais pensarmos em linhas definitivamente altruisticas, melhor construiremos algo de valor muito grande e desenvolveremos vagarosa e laboriosamente os rudimentos de uma real consciência grupal, a qual ainda está muito distante da maioria de nós.
 
 
Há vários outros desenvolvimentos com os quais nos poderíamos ocupar durante nosso processo evolutivo mas que se acham tão à nossa frente que são praticamente inconcebíveis, a não ser que tivéssemos um tipo especial de mente capaz de algum modo de pensar abstrato. Há a etapa na qual poderemos transcender ao tempo e ao espaço, quando a consciência do grupo em todas as partes do planeta, por exemplo, for nossa consciência, e quando nos for tão fácil entrar em contato com a consciência de um amigo na índia, África ou qualquer outro lugar, como se ele estivesse aqui; a separação e a distância não serão barreiras para o relacionamento. Pode-se ver sintomas disto na habilidade com que algumas pessoas se comunicam telepaticamente ou praticam a psicometria. é interessante gastar algum tempo visualizando este objetivo distante e imaginando a realização do Logos bilhões de anos à frente, porém o que é de vital interesse é obter alguma ideia da próxima etapa; e compreender o que podemos esperar que aconteça, relacionado ao processo evolutivo durante os próximos milhares de anos. Consideremos esta ideia. Há, como sabemos, três linhas gerais de pensamento no mundo: a científica, a religiosa e a filosófica. O que temos nelas? Na linha de pensamento científico, englobamos tudo o que diz respeito à matéria, ao aspecto substância da manifestação; ela lida com a objetividade e com o que é material, tangível e visto; literalmente, com o que pode ser provado. No pensamento religioso, temos o que diz respeito à vida dentro da forma, ao que lida com a volta do espírito à sua origem, mais tudo o que se tem adquirido pelo uso da forma; ele se refere ao lado subjetivo da natureza. No pensamento filosófico temos o que eu poderia chamar a utilização da inteligência pela vida que habita, a fim de que a forma possa ser adaptada adequadamente à sua necessidade. Estudemos, nesta ligação, certos desenvolvimentos que poderemos procurar no futuro próximo, lembrando que tudo que eu disser tem a intenção de ser sugestivo e que eu falo sem qualquer espírito dogmático.
 
 
É óbvio, para a maioria dos pensadores, que a ciência, tendo começado o estudo da radioatividade, está no limite da descoberta de qual é a natureza da força que existe dentro do próprio átomo; é bastante provável que, muito em breve, venhamos a aproveitar a energia da matéria atómica para qualquer propósito imaginável, para aquecimento, iluminação e para tudo o que se faz no mundo. Aquela força, como alguns de nós já sabem, quase foi descoberta nos Estados Unidos cinquenta anos atrás, por um homem chamado Keely, mas não lhe foi permitido participar isso ao mundo por causa do perigo que a descoberta envolvia. Os homens ainda são egoístas demais para que lhes seja confiada a distribuição da energia atómica. Aquela descoberta provavelmente será paralela ao desenvolvimento da consciência grupal. Só quando o homem se tornar radioativo e puder trabalhar e pensar em termos de grupo, será sensato e seguro para ele utilizar a força latente no átomo. Tudo na natureza é muito bem coordenado e nada pode ser descoberto ou utilizado antes da hora certa. Só quando o homem tornar-se desprendido é que esta força tremenda poderá passar às suas mãos. Todavia, admito que a ciência fará tremendo progresso na compreensão da energia atómica. Então, paralelamente à evolução do ser humano, podemos antecipar que o homem dominará o ar. Há uma grande esfera ou plano vibratório no sistema solar, chamado de plano intuitivo em alguns livros de ocultismo; na literatura oriental é chamado de plano Búdico, e seu símbolo é o ar. Do mesmo modo que o homem está começando a encontrar seu caminho através do desenvolvimento da intuição para aquele plano, agora a ciência está começando a descobrir como dominar o ar, e à medida que sua intuição se desenvolver e crescer, o seu controle do ar se desenvolverá e crescerá. Outra coisa que podemos esperar (e está sendo reconhecida de algum modo) é o desenvolvimento da habilidade de ver na matéria mais sutil. Em todos os lugares há crianças nascendo que vêem mais do que cada um de nós. Refiro-me a algo que se baseia exclusivamente em bases materiais e diz respeito ao olho físico. Refiro-me à visão etérica que vê na matéria mais fina do plano físico ou no que é chamado éter. Estudantes e cientistas na Califórnia têm feito um trabalho muito interessante neste assunto. O Dr. Frederick Finch Strong tem trabalhado nesta linha de maneira valiosa, ensinando que o olho físico é capaz de ver etericamente e que a visão etérica é a função normal do olho. O que significará o desenvolvimento desta faculdade? Significará que a ciência terá que reajustar definitivamente seu ponto de vista relativamente aos planos mais sutis. Se certos aspectos e formas de vida que até agora têm sido considerados como imaginários chegarem ao alcance da visão do homem ou da mulher normais nos próximos cem anos, teremos interrompido de uma vez por todas aquele materialismo rançoso que nos têm caracterizado há tanto tempo e se o que agora é invisível for reconhecido ao longo de qualquer unha especial, quem dirá até onde seremos capazes de ir à medida que o tempo passa? Toda a tendência da evolução é para a síntese. À medida que penetramos na matéria, que tendemos à materialização, temos a heterogeneidade; à medida que trabalharmos de volta para o espírito, tenderemos à unidade, de modo que podemos esperar o aparecimento da unidade no mundo religioso. Mesmo agora, há um espírito de tolerância muito maior, no exterior, do que cinquenta anos atrás; mas a época da grande unidade fundamental que subjaz a todas as religiões está se aproximando rapidamente e o fato que cada fé é uma parte essencial de um grande todo será reconhecido pêlos homens em toda parte e por este reconhecimento teremos a simplificação da religião. Os grandes fatos centrais serão enfatizados e usados e as pequenas e mesquinhas diferenças de organização e de explicação não serão levadas a sério.
 
 
Podemos também esperar um acontecimento muito interessante, em relação à família humana porque, quando a consciência grupal tornar-se, em escala maior, a consciência objetiva do homem, o que ocorrerá? Teremos o homem pisando aquilo que no mundo religioso é chamada de "O Caminho". Nós o veremos responsabilizar-se por si mesmo, empenhando-se para viver a vida do espírito, recusando viver uma vida atómica egoísta; nós o veremos procurar seu lugar dentro do todo maior, encontrando-o pelo empenho definido e espontaneamente unindo-se àquele grupo.
 
 
Este é o significado real do ensinamento dado sobre o Caminho nas igrejas católica, protestante e budista. Todas elas ensinam como trilhar este Caminho, chamando-o por nomes diferentes tais como o Caminho, o nobre Caminho "Octuplo", o Caminho da Iluminação ou o Caminho da Santidade. Contudo é o único Caminho, aquele que brilha cada vez mais, até o dia perfeito.
 
 
Podemos também esperar pelo desenvolvimento do poder de pensar em termos abstratos, e pelo despertar da intuição. À medida que as grandes raças se sucederam no planeta, houve um desenvolvimento ordenado, dirigido, dos poderes da alma e uma sequência definitivamente planejada. Na terceira Raça Raiz, a Lemuriana, o aspecto físico do homem alcançou um alto estágio de perfeição. Mais tarde, na grande raça que precedeu a nossa, a atlante, e que pereceu no dilúvio, desenvolveu-se a natureza emocional do homem. A seguir, na raça à qual pertencemos, a ariana, ou quinta raça, o objetivo é o desenvolvimento da mente concreta ou inferior e isto estamos desenvolvendo a cada década. Alguns estão também começando a desenvolver o poder de pensar em termos abstratos.
 
 
 
Quando for este o caso, veremos mais daquela interessante, especial capacidade que algumas pessoas demonstram e evidenciam, a que chamamos de capacidade de ser inspirado. Não estou falando aqui de mediunidade nem quero dizer capacidade mediúnica. Não há nada mais perigoso do que o usualmente compreendido pelo termo "médium". O médium comum é um homem de natureza negativa ou receptiva e normalmente é coordenado tão imprecisamente em sua natureza tríplice que uma força ou entidade exterior pode usar seu cérebro, mão ou corpo. É um fenómeno bastante comum. A escrita automática, as pranchetas de quija e as sessões espíritas de baixa categoria são muito comuns hoje em dia e estão levando milhares à loucura ou a distúrbios nervosos. Mas há algo do qual a mediunidade é simplesmente uma distorção, e isto é a inspiração. Poder ser inspirado significa que uma mente humana alcançou uma etapa, em sua evolução, na qual ela está consciente e positivamente sob o controle do seu eu superior, o Deus interno. Este regente interno, o eu real, pode, pelo contato definido, controlar seu cérebro físico e tornar o homem capaz de tomar decisões e de compreender a verdade, completamente separada da faculdade de raciocinar; este Deus interno pode habilitar o homem a falar, escrever e chegar a verdade sem usar a mente inferior. A verdade está dentro de nós. Quando pudermos entrar em contato com nosso Deus interno toda a verdade nos será revelada. Seremos Conhecedores. Isto porém, é uma coisa positiva e não negativa, e significa a colocação de alguém em alinhamento direto, consciente, com o próprio Ego ou eu superior e não abrir a personalidade para qualquer entidade ou fantasma.
 
 
Pode-se ver esta ocorrência agora, ocasionalmente, mas não é com frequência que o homem comum entra em contato com seu eu superior. Só em nossos momentos de maior empenho, só nas grandes crises de nossas vidas e só como resultado de longa disciplina e meditação árdua, isto pode ocorrer.
 
 
Algum dia, porém governaremos toda nossa vida não do ponto de vista pessoal, egoísta, mas do ponto de vista do Deus interno, Que é uma revelação direta do Espírito no plano superior. O ponto final que desejo expor esta noite é que o objetivo para cada um de nós é o desenvolvimento dos poderes da alma ou da psique. Isto significa que você e eu vamos ser psíquicos. Mas não estou usando esta palavra "psíquico" como é normalmente compreendida em sua conotação diária. A psique é, literalmente, a alma interior, ou o eu superior, que emerge do ser inferior tríplice, do mesmo modo que a borboleta sai da crisálida; é aquela bela realidade que vamos produzir como resultado de nossa vida ou vidas aqui em baixo. Os verdadeiros poderes psíquicos são aqueles que nos põem em contato com o grupo. Os poderes do corpo físico, que usamos cada dia, nos põem em coníato com os indivíduos, mas quando tivermos desenvolvido os poderes da alma e desenvolvido suas potencialidades, seremos verdadeiros psíquicos. Quais são estes poderes? Tudo que posso fazer esta noite é enumerar alguns entre muitos.
 
 
Um é o controle consciente da matéria. A maioria de nós controla nossos corpos físicos conscientemente, fazendo-os levar avante nossos comandos no plano físico. Alguns controlam as emoções conscientemente, mas poucos entre nós podem controlar a mente. A maioria é controlada por nossos desejos e por nossos pensamentos. Mas está chegando a época em que controlaremos conscientemente nossa natureza tríplice inferior. Então, o tempo não existirá de modo algum para nós. Teremos aquela continuidade de consciência nos três planos de existência, físico, emocional e mental — os quais nos habilitarão a viver, como o Logos, naquela abstração metafísica, o Eterno Agora.
 
 
Outro poder da alma é a psicometria. Que é psicometria? Poderia ser definida como a habilidade de tomar de uma coisa tangível, talvez pertencente a um indivíduo e, por intermédio daquilo, pôr-se en rapport com aquele indivíduo ou com um grupo de indivíduos. A psicometria é a lei de associação de ideias aplicada à qualidade vibratória e força com o propósito de obter informação.
 
 
Além disso, a raça se tornará clariaudiente e clarividente, o que significa a capacidade de ouvir e ver tão claramente e agudamente nos planos mais sutis, como o fazemos no físico. Isto envolverá a capacidade de ouvir e ver tudo que diga respeito ao grupo — isto é, ouvir e ver nas quarta e quinta dimensões. Não sou matemática o bastante para tentar explicar estas dimensões e sou capaz de ficar confusa ao considerá-las, mas uma ilustração que me foi dada pode tornar a coisa toda um pouco mais clara:
 
 
Um jovem pensador sueco explicou-me assim: "A quarta dimensão é a habilidade de ver através e em torno de uma coisa. A quinta dimensão é a capacidade, por exemplo, de tomar um olho e, por meio desse olho, colocar-se en rapport com todos os outros olhos no sistema solar. Ver na sexta dimensão pode ser definido como o poder de tomar de um grão de areia da praia e, por meio dele, pôr-se em sintonia com todo o planeta. Então, na quinta dimensão, onde tomaram o olho, vocês estariam limitados a uma linha particular de manifestação, mas no caso da sexta dimensão, onde usaram o grão de areia, vocês entrariam em contato com todo o planeta". Isto é algo que está muito à nossa frente mas é interessante falar sobre isto, e contém uma promessa para todos.
 
 
Não há tempo para lidar com os outros poderes, nem eu posso enumerar quais serão eles. Curar pela aposição da mão estará entre eles. A manipulação dos fluidos magnéticos e a criação consciente por meio da cor e do som são outros. Tudo o que nos diz respeito realmente é que agora deveríamos tomar a responsabilidade conscientemente, e procurar mais e mais ficar sob o controle do regente interno, empenhar-nos para nos tornar radioativos e desenvolver a consciência grupal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário